NOS BASTIDORES: EMPRESAS SE UNEM PARA APROVEITAR ONDA DOS CINEMAS DRIVE-IN
Em tempos de coronavírus, os cinemas drive-in voltaram à moda. Mas a experiência não é tão “old school” quanto parece. Para manter o distanciamento, os pedidos de pipoca são feitos por aplicativo e até a fila do banheiro é organizada online. E os amantes do cinema não são os únicos que comemoram a volta do formato: empresas de nichos diversos têm aproveitado o movimento para recuperar a receita.
A agência Super8 é uma delas. Fundada em 2016 por Oda Oliveira Júnior, a empresa organiza eventos e cria peças publicitárias para marcas. Desde 2018, também gerencia um dos espaços que sediavam as festas, localizado em São Bernardo do Campo (SP). Toda a agenda de 2020 foi prejudicada, mas os gastos fixos ficaram. A empresa recorreu a projetos e lives para se manter conectada aos clientes. A moda do cinema drive-in, porém, foi vista como uma chance de realmente recuperar parte dos ganhos. “Muita gente de eventos migrou para o audiovisual. Mas não é a mesma coisa”, diz o fundador.
Todo o processo de organização começou em junho. O primeiro passo foi dialogar com a prefeitura sobre os protocolos e as autorizações necessárias. Depois, veio a mobilização de uma rede de pessoas e negócios ligados à área. A parceria envolve desde o fornecedor de estrutura de som até o pipoqueiro.
“Assim como nós, eles já estão há quatro meses passando por dificuldades”, diz o empreendedor. “A pipoca seria algo muito simples de ser feito, mas preferimos chamar alguém que já trabalhava com isso.”
Também entraram em cena startups que usam tecnologia para otimizar a gestão ou diminuir o contato físico necessário. A ZigPay, por exemplo, fornece uma plataforma que ajuda a gerenciar os bastidores do evento – do controle de estoque até o detalhamento do que foi ou não vendido. Já o aplicativo da Eatiz permite aos espectadores acessar o cardápio e fazer pedidos sem sair do carro. “Vemos uma oportunidade muito grande da tecnologia ajudar na retomada do segmento de alimentação”, diz o sócio Eduardo Martins.
As duas startups também têm propostas distintas, mas viram oportunidades no entretenimento. A ZigPay tem como foco original otimizar a gestão e a experiência de consumidores de bares e espaços de eventos. Uma de suas soluções é um aplicativo que evita filas e permite ao cliente pagar pelo consumo sem precisar usar cartões físicos ou dinheiro. Em abril, com o fechamento dos estabelecimentos, a startup viu seu faturamento cair 100%. “Nosso setor foi um dos primeiros a parar e vai ser um dos últimos a voltar. E, na nossa visão, voltará diferente”, diz o sócio e CEO Carlos Lino. De olho na popularização do cinema drive-in, o negócio já fechou parcerias com três organizadores. A expectativa é ultrapassar os 30.
Parceira da startup, a Eatiz tem seu foco voltado ao delivery. Sua plataforma ajuda restaurantes a gerenciar os pedidos feitos por aplicativos próprios ou de terceiros. Agora, também ajudará os locais a receber pedidos consumidos na mesa ou para retirada, diminuindo o contato com os atendentes.
No cinema, sua plataforma reúne o cardápio de petiscos e permite ao visitante escolher, fazer o pedido e realizar o pagamento sem precisar ter contato. O pedido é direcionado ao responsável e depois entregue na janela do carro. O cliente também não precisa baixar o aplicativo: basta apontar a câmera para um QR Code ou acessar o link exposto na vaga.
Nas sessões do Super Drive-In, organizado pelo Super8, cada ingresso custa R$ 70 e vale para um carro com até quatro pessoas. As entradas são vendidas online e lidas por um totem na entrada do espaço. A fila do banheiro também é organizada pela internet – e a limpeza é redobrada.
Para os três empreendedores, é difícil prever até quando o modelo vai manter a popularidade atual. Mas a expectativa é que mesmo com a reabertura de salas de cinema tradicionais, alguns clientes ainda vão dar preferência à versão drive-in – seja pela insegurança ou pela experiência diferente. “Quando os eventos voltarem, acho que o drive-in vai ter uma queda considerável. Mas não acredito que vai ser extinto, porque é uma experiência cativante”, diz Oda Oliveira Júnior. Seu plano é expandir a proposta para além do cinema, abrangendo show e apresentações de stand-up comedy.
Fonte: Pequenas Empresas Grandes Negócios
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